O protocolo AMQP visa padronizar a interação entre clientes e o middleware de “mensageria” os famosos brokers. Para entender como o protocolo funciona é necessário conhecer seus componentes e como se dá a integração entre eles.

componentes

Créditos da imagem para GoPivotal

O middleware de mensagem pode ser definido como um servidor de dados que recebe mensagens e faz basicamente duas coisas com elas: as encaminha para diferentes consumers dependendo da política de rotas ou as armazena, em memória ou disco, quando os consumers não são capazes de aceitá-las imediatamente.

Uma das vantagens entre soluções que implemetam o protocolo AMQP e as que não implementam o protocolo são os componentes. Os componentes criados pelo protocolo são modulares e tem responsabilidades bem definidas, por exemplo:

Componentes com responsabilidades bem definidas implicam em reutilização, por exemplo, é possível usar uma mesma exchange para abastecer diferentes filas (queues) que, podem abastecer diferentes consumers e produzir resultados diferentes. Esta característica aliada a capacidade do protocolo de criar exchanges, filas (queues) de mensagem e associa-las em tempo de execução torna possível construir qualquer sistema baseado em mensagens.

Abaixo apresento a fundo os componentes do protocolo.

Componentes

Apesar de não serem componentes do protocolo em si, consumers e producers, serão citados diversas vezes, portanto, nada mais justo do que descrevê-los:

Consumer: Aplicações responsáveis por consumir, como o nome diz, as filas de mensagem (queues).

Producer: Aplicações responsáveis por publicar mensagens nos exchanges.

Abaixo, finalmente os componentes do protocolo AMQP.

Message queue (A fila de mensagem)

Objeto responsável por armazenar as mensagens em memória ou em disco e, entrega estas em sequência para os consumers. As filas são inteiramente independentes umas das outras e seu comportamento pode ser definido por algumas propriedades, algumas delas são:

Exchange

O exchange é o objeto que aceita a mensagem de um producer e a encaminha para as filas de acordo com um critério pré-definido. Esse critério é chamado de binding. O exchange é basicamente um sistema de rotas, que inspeciona a mensagem e usando sua tabela de critérios decide como a encaminhar as mensagens, seja para uma fila de mensagem ou para outro exchange.

Exchanges possuem tipos definidos pelo protocolo AMQP (direct e topic, por exemplo) que também provê instâncias padrão dos tipos definidos. Este objeto existe para que seja possível estender a funcionalidade padrão do protocolo, portanto, aplicações que o usam podem criar suas próprias instâncias nomeadas, ou seja, criar seu próprio mecanismo de rota.

De maneira geral para fazer o roteamento das mensagens o exchange examina as propriedades da mensagem, cabeçalho e conteúdo, e possivelmente de outras fontes. Na maioria dos casos o exchange examina um único campo, que é chamado de routing key. Este campo nada mais é do que um endereço virtual que o exchange pode usar para encaminhar a mensagem.

Bindings

Assim como consumer e producer, o binding não é bem um componente, mas, dada sua importância o inclui aqui. O relacionamento entre as filas de mensagem e os exchanges tem o nome de binding. Este relacionamento indica ao exchange como ele deve encaminhar as mensagens. O responsável por criar esse relacionamento é o consumer, na maioria dos casos, ou o “dono”, que pode ser o producer, da fila.

Channel (ou canal)

A conexão da aplicação cliente com o broker é feita através do protocolo TCP. As conexões usam autenticação e podem usar conexões SSL. Conexões via TCP custam caro para o sistema operacional e, por isso, os canais existem. Os canais, dentro do protocolo AMQP, são “conexões leves que compartilham a mesma conexão TCP”, ou seja, é necessária apenas uma instância de conexão para executar múltiplas ações (em aplicações que usam threads é possível abrir um canal por thread) e, isso também é possível porque a comunicação é completamente independente de um canal para o outro.

Virtual hosts

Para ser possível utilizar o mesmo broker para múltiplas aplicações e/ou ambientes (exchanges, queues, etc), o protocolo AMQP inclui o conceito de virtual hosts. O comportamento é semelhante aos de um servidor web, como o Apache. O cliente decide qual virtual host será utilizado no momento da conexão.

Observações importantes

Este post é uma apresentação do protocolo AMQP. Ainda é preciso definir como as mensagens são produzidas, consumidas e como é o seu ciclo de vida. Vale também lembrar que não foram explorados os tipos de exchange e seus casos de uso, o mesmo vale para as filas de mensagem.

Vou abordar estes assuntos em outro post pelo fato de acreditar que é necessário entender bem cada componente que foi descrito aqui.

Fontes

Você não precisa acreditar em mim e muito menos esperar eu fazer outro post sobre o AMQP. Na documentação do RabbitMQ existe uma página dedicada ao protocolo e retirei as definições de virtual hosts e canais de lá, portanto, sinta-se à vontade para ler e criticar este que vos escreve.